A construção do Futuro vs Utopia

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Este texto foi extraído do meu livro “O Homem e o Futuro” ( http://www.sitiodolivro.pt/pt/livro/o-homem-e-o-futuro/9789898413864/ ) e defende uma visão Humanista para o Futuro do Homem. Quando o publiquei no Facebook, pela primeira vez, foi amplamente debatido através de comentários e objeto de vários ‘GOSTO’ e partilhas, quer nas páginas do Instituto da Inteligência quer na minha. Boa leitura.

“É frequente ouvirmos os nossos pares apelidarem-nos de utópicos, pelo facto de exprimirmos ideias de como gostaríamos de ver organizada a sociedade, ou, de como construiríamos algo que conduziria a melhorias significativas na vida do Ser Humano. Talvez, por lhes dar a sensação que a construção desse novo ideal de Homem e de sociedade esteja muito longínqua ou que exigiria mudanças tão profundas que consideram estar muito afastada da realidade. Ou seja, muitas vezes alguns dos nossos pares rejeitam, descartam, ignoram, desvalorizam as ideias daqueles que exprimem, com maior ou menor eloquência, a vontade de construir um Mundo onde o Ser Humano tenha a primazia, e, onde a dignidade humana impere.

No entanto, quando descobrem que muitas, ou algumas, dessas ideias estão a tomar forma de realidade, quer devido aos progressos científicos, ou, a eventos que envolvem grupos significativos de cidadãos convictos de uma determinada ideia, acabam por reconhecer que afinal algo está a mudar no sentido de um Futuro melhor. Não é por acaso que se apela com veemência á inovação e criatividade em todos os aspectos relacionados com a vida do Homem (desde os negócios á implementação de novos processos). Ou seja, existe um reconhecimento quase generalizado de que os factores Conhecimento, Inteligência e Consciência Coletiva são fundamentais para a construção do Futuro.

Pois bem, meus caros Amigos, se aceitam o que acabei de escrever como normal, então porque apelidam de utópicas as ideias que já exprimi, como: “…o Valor da economia passará a ser dominado pelo Valor do Ser Humano e não pelo valor do dinheiro”. Estou convencido que se meditarem com profundidade neste tema, tendo em linha de conta todas as evoluções que se têm operado no Mundo (desde a expansão do fenómeno da globalização até ao aumento significativo [no mundo ocidental] da criatividade e inovação) considerarão como plausível o tema do Valor Humano. Se não, ponderem o que consideram como mais importante para a vida no Futuro (seja, no ano 2050, em que poderão existir cerca de 10.000.000.000 de Seres Humanos). Nessa altura teremos, seguramente, menos recursos materiais (de toda a espécie), menos água potável, e, condições de qualidade ambiental inferiores às de hoje. Será que continuam a pensar que o dinheiro é que vai ser a moeda de troca na convivência em sociedade? Ou, consideram que seria preferível uma nova guerra mundial?

Sejamos inteligentes, criativos, empenhados, solidários, dignos, e, coloquemos os Valores Humanos como prioritários na convivência em sociedade. Gostaria de recordar o conceito de Liberdade, que devemos colocar sempre no ‘perfil’ da equação do Futuro: “liberdade é a autonomia e a espontaneidade de um sujeito racional”. Ou seja, a Liberdade qualifica e constitui a condição dos comportamentos humanos voluntários.

Será que podemos, ou, devemos alhearmo-nos da Utopia na construção do Futuro?

Alfredo Sá Almeida in “O Homem e o Futuro” (2013)